Jogos Olímpicos. Os de Berlim
Nesta sexta-feira, iniciam os Jogos Olímpicos de Pequim, o 29ª do calendário moderno. A cerimônia de abertura está programada para as 8h08minutos do dia 8 de agosto (oitavo mês de 2008). Coincidência? Não, pelo contrário. O número 8 significa prosperidade para a cultura chinesa.
Mas foram os gregos que criaram os Jogos Olímpicos, por volta de 2500 a.c., em homenagem aos deuses - em especial Zeus. As competições tinham uma simbologia religiosa e esportiva, pois pessoas com corpos saudáveis tinham, segundo os gregos, uma mente sadia. Elas também tinham um objetivo mais prático: de fortalecer a união entre as cidades-estado.
Em 1896, Pierre de Fredy, conhecido como Barão de Coubertain, reeditou as competições que haviam sido interrompidas em 392, quando o imperador romano Teodósio, após converter-se ao Cristianismo, proibiu manifestações religiosas pagãs. A sede escolhida foi Atenas, que recebeu treze países para as competições esportivas.
O quadriênio olímpico só seria silenciado nos anos de 1916, 1940, 1944, durante as duas grandes guerras mundiais. Em função de sua visibilidade na mídia, a competição serviu de palco para manifestações políticas, que desvirtuavam seu principal objetivo: de promover a paz e a amizade entre os povos. A Olimpíada de Berlim de 1936 foi um dos exemplos clássicos dessa associação maléfica.
Em 1931, o Comitê Olímpico Internacional (COI) escolheu a Alemanha para sediar os jogos olímpicos. Em 1933, entretanto, Hitler assumiu como chanceler alemão. E viu na competição uma grande oportunidade de reforçar a “superioridade da raça ariana”. Para tanto, não poupou esforços.
Investiu pesado na construção de estádios, na transmissão pelo rádio, no serviço de transporte aéreo e em documentários, entre outras iniciativas. Um memorando secreto transmitido em 18 de julho de 1936 resumia a importância que o evento esportivo tinha para o país: “O desenvolver grandioso e sem incidentes dos Jogos Olímpicos de 1936, em Berlim, é da maior importância para a imagem da nova Alemanha aos olhos de nossos convidados estrangeiros”.
Mais de três milhões de espectadores nas arquibancadas. Hitler queria provar a supremacia da raça ariana também no esporte, mas não esperava que um neto de escravos colocasse sua teoria por xeque. Jessé Owens, um negro norte-americano, ganhou quatro medalhas de ouro nas provas tradicionais do atletismo (100m, 200m, 4x100m e salto em distância), superando o campeão Lutz Long. O feito norte-americano foi ignorado pelos jornais nazistas.
Apesar do contratempo no plano nazista, a Olimpíada de Berlim teve um saldo positivo para os alemães, que, no quadro geral da medalhas, superaram os Estados Unidos. Com 95 atletas, entre eles duas mulheres, o Brasil participou da competição. A delegação, porém, dividiu-se, parte representando a Confederação Brasileira de Desportos e parte o recém criado Comitê Olímpico Brasileiro. Só em território alemão o impasse foi solucionado. Nenhuma medalha foi conquistada.
Situação que torço para que não se repita em Pequim. Aos nossos representantes no Oriente, boa sorte.
A professora e historiógrafa Vera Lucia Timm é colaboradora deste blog. Todas as quartas-feiras, ela rabisca algumas linhas, agregando conteúdo histórico neste espaço.
Imagem via Yahoo Esportes.
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