quarta-feira, 2 de julho de 2008

O casamento entre a guerra e o desenvolvimento científico

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A força modeladora do século 20 foi o grande desenvolvimento científico. É claro que o período onde o conhecimento foi mais intensamente procurado foi o tempo de guerra. A relação cada vez mais complexa entre ciência, indústria e as forças armadas tornaram-se um dos fatores predominantes no modelo de vida política e econômica.

Franklin D. Roosevelt foi o criador de programas que tinham como objetivo criar armas e investigar tudo o que dizia respeito à guerra. Aos Estados Unidos aliaram-se a Grã-Bretanha e o Canadá. O OSDR (Office of Scientific Research and Development) foi responsável por várias descobertas, como, por exemplo, a produção da penicilina em larga escala, descoberta por Alexandre Fleming, em 1928, ou o DDT, pesticida que fez aumentar de modo espetacular a produção mundial de alimentos após o fim da 2ª Guerra Mundial.

O Projeto Manhattan criou a bomba atômica. Armas convencionais resultaram em explosivos poderosos, novos tipos de minas, torpedos, melhores aviões, dispositivos que aperfeiçoaram e deram maior grau de precisão aos tiros de artilharia, técnica de bombardeamento aéreo. Outra invenção de extrema importância, principalmente nas batalhas aéreas, foi o radar, criado na Inglaterra durante os anos 30 e aplicado intensamente pelos Aliados na Batalha da Inglaterra, em dezembro de 1940.

Outra campanha tecnológica, mais afastada da frente de batalha, centrava-se na ciência da criptanálise, ou decifração de códigos. Nesse campo, o maior golpe de espionagem da guerra foi o que os ingleses conseguiram em 1939, ao obter um exemplar da máquina decodificadora nazista do mais alto nível, o Enigma, que permitiu aos Aliados interceptarem, durante a guerra, a maior parte das conversações entre Hitler e seus generais.

A batalha dos inventos científicos ocorria nos dois lados. A partir de 1939, uma espécie de guerra dentro da guerra foi travada em laboratórios e centros experimentais de ambos os lados do Atlântico, tentando cada uma das partes ultrapassarem os seus inimigos em inovação tecnológica e engenho.

Para sorte dos Aliados, Hitler não considerou prioridade o desenvolvimento da cisão atômica e os equipamentos de radar. A ciência não só auxiliou os Aliados a vencer a guerra, como criou um padrão que iria influenciar profundamente o pós-guerra. A dependência entre governo e cientistas aumentou e passou a gerir a Guerra Fria, que se seguiu logo após 1945.

A responsabilidade moral

Uma questão difícil iria agora viver em meio à comunidade científica: a da responsabilidade moral do cientista pelos resultados finais de sua obra. Em um mundo vulnerável à autodestruição nuclear, era uma questão de interesse mais do que acadêmica saber se o físico atômico podia permitir-se à atitude indiferente de se encerrar numa “torre de marfim”.

J. Robert Oppenheimer, diretor do Centro de Los Alamos, onde a bomba atômica foi criada, observou: “Algo de novo é o predomínio da novidade, a mudança do ritmo, da própria mudança, de forma que o mundo se vai modificando à medida que nele penetramos, e um homem, ao longo de sua vida, não observa apenas um pequeno desenvolvimento ou reordenamento ou moderação daquilo que aprendeu na infância, mais uma grande e radical mudança”.




A professora e historiógrafa Vera Lucia Timm é a nova colaboradora deste blog. Agora, todas as quartas-feiras, ela rabisca algumas linhas, agregando conteúdo histórico neste espaço.


Imagem: Fórmula química da penicilina / Wikipédia.

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