quarta-feira, 30 de julho de 2008

A arte imitando a vida ou antecipando o porvir?

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Com o passar do tempo, o cinema não se transformou apenas na expressão, por excelência, da sétima arte.

Como destacou com propriedade o Departamento de História da Universidade Federal Fluminense no seminário Máquina Mortífera, o cinema metamorfoseou-se no mais formidável instrumento de captação ideológica dos povos. Constituiu-se no mais portentoso centro de irradiação hegemônica de maneira de viver, pensar e sentir dos donos do poder imperial. Tal como a literatura e a dramaturgia, o cinema tem percorrido os mais diversos caminhos da imaginação artística. Em cada um, se desenvolveu os mais diversos gêneros: guerra, ficção científica, musical, faroeste, épico, etc.

O clássico King-Kong (1933), por exemplo, é um filme de terror em cima do cinema catástrofe - caracterizado, principalmente, nas cenas finais, quando o gorila provoca pânico e destruição nas ruas de Nova York. Esse terror expôs pela primeira vez uma nascente obsessão americana que iria repertir-se: a imolação pelos próprios norte-americanos dos seus mais prezados símbolos.

Em 1974, em um lançamento conjunto da 20th Century Fox Film Corporation e da Warner Bross/Columbia Pictures, foi produzido o filme Inferno na Torre, que trata do lançamento de um edifício de 138 andares - o mais alto do mundo - em São Francisco. Mais uma película que retrata o horror e o desespero de pessoas, agora ilhadas nos últimos andares de um prédio ardendo em chamas. E assim seguiram-se os filmes de terror, como a A Mosca, Inimigo do Estado, entre outros tantos.

Em 1997, o filme O Grande Atentado, que não chegou ao grande circuito, retratou o que ocorreu às 12h57min do dia 26 de setembro de 1993. Trata-se do primeiro atentado ao World Trade Center, planejado e executado por terroristas árabes. A película reconstituiu, em forma documental, os acontecimentos que culminaram com a explosão do subsolo do prédio, deixando seis mortos e mil feridos.

Um ano depois, foi a vez do filme Nova Iorque Sitiada mostrar a explosão de um ônibus lotado no Brooklin e a conseqüente ação conjunta do FBI e do exército norte-americano na busca desenfreada pelos responsáveis. Estes dois últimos filmes trazem para a grande tela o terrorismo, que é um subgênero do cinema de terror.

Na chamada sétima arte, os roteiristas são os catalisadores de uma realidade, que ainda latente, anseia por tornar-se viva. Os diretores como criadores, intérpretes e condutores do fluxo narrativo, tornam-se responsáveis pela sua manifestação cinematográfica. A ficção imita a realidade, talvez até as prevê, pois os homens livres que são de espírito, alçam vôos em sua imaginação, e, em seus sonhos que habitam o inconsciente coletivo, colocam-se após o despertar em solo firme, transformando-os em experimentações humanas.

A destruição das torres do WTC no dia 11 de setembro de 2000, já estava anunciada dentro das mentes idealizadoras de grandes catástrofes na cinematografia norte-americana. Estavam preparando o público no plano do inconsciente para a brutal realidade que a televisão transmitiu em tempo real. Enfim, o que era ficção se tornou realidade.

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A professora e historiógrafa Vera Lucia Timm é colaboradora deste blog. Todas as quartas-feiras, ela rabisca algumas linhas, agregando conteúdo histórico neste espaço.


Imagem via IMDB.

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